MP OFERECE DENÚNCIA CONTRA CAIXA D´ÁGUA E OUTROS DIRIGENTES DA FERJ

O MP estadual denunciou hoje (06/10) à 37ª Vara Criminal o presidente da Ferj, Eduardo Augusto Viana da Silva, vulgo Caixa d´Água; o vice-presidente da Ferj, Francisco José Soares Aguiar e o diretor da Ferj, Paulo Roberto Petrolongo Silva, vulgo Fio. A perícia criminal demonstrou que, entre março e setembro de 2003, eles foram responsáveis pelo desvio, através de recibos fraudulentos, de mais de R$ 866 mil da receita da venda de ingressos no Maracanã. Eles foram denunciados pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, fraude processual e estelionato. As penas podem chegar a até 20 anos de reclusão.

A denúncia foi oferecida pela promotora Márcia Velasco, da 23ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) da 1ª Central de Inquéritos do MP e é fruto de um ano e seis meses de investigação em conjunto com o delegado Ricardo Codeceira, da Draco. As investigações foram iniciadas pelo promotor Alexandre Themístocles que, durante o ano de 2003, atuava no Juizado Criminal do Maracanã.

Ao longo da investigação, foi quebrado o sigilo bancário do Flamengo, do Vasco, da Ferj e da COOPEB (cooperativa recebedora da verba destinada ao pagamento das pessoas que prestam serviços no Maracanã durante as partidas de futebol). Foram tomados 40 depoimentos, feitos sete laudos periciais, inclusive contábeis, e apreendidas 24 caixas de documentos.

Também foram denunciados o coordenador dos trabalhadores que compõem o quadro móvel da Ferj, Gilberto Rangel Lima Júnior; o contador Jobel Mendes Braga, responsável pela confecção fraudulenta dos boletins financeiros da Ferj e o funcionário da Ferj Carlos César Martins dos Santos, responsável pelo fluxo dos bilhetes de ingresso postos à venda (requisição, distribuição, venda e conferência).

``Os valores ilicitamente obtidos pela quadrilha, que constituem o proveito das violações patrimoniais, são provenientes da verba arrecadada pela venda dos bilhetes para ingresso nas partidas de futebol realizadas no Estádio Mário Filho``, afirma a promotora na denúncia.

As investigações comprovaram que o sistema informatizado de contagem de público registrava um número menor de pessoas do que o real. ``A contagem física dos ingressos pelos experts demonstrou significativas divergências entre a efetiva utilização das roletas e o apurado pelos computadores``, explica a promotora.

O desvio de dinheiro era acobertado, segundo a denúncia, na hora da confecção do boletim financeiro, através de um artifício contábil conhecido como conta de chegada. ``Tendo como base o público apontado como presente, o denunciado Jobel Mendes Braga insere números e informações fictícias no boletim, de modo a ocultar a verba correspondente aos ingressos vendidos ao público não computados pelo sistema de monitoramento``, diz a denúncia.

A verba desviada era entregue ora ao denunciado Francisco José Soares Aguiar, ora a Paulo Roberto Pietrolongo Silva, responsáveis pelo transporte do dinheiro.

Os denunciados também movimentavam em benefício próprio parte da verba que deveria ser destinada ao pagamento dos trabalhadores do quadro móvel da Ferj, o que era dissimulado através de uma cooperativa de trabalhadores (COOPEB), criada em 30 de novembro de 2000 com a finalidade de prestar serviços à Ferj durante as partidas de futebol.